sábado, 14 de março de 2009

Fênix


Se as observações feitas em laboratório estiverem corretas, a T. nutricula é o único animal do nosso planeta a alcançar a imortalidade biológica. Tal como a ave da mitologia, ela alcança o auge do seu ciclo de vida e se reproduz para, num passe de mágica celular, retornar à configuração que tinha no início. Compreender direito esse bicho maluco pode ser a chave para determinar de uma vez por todas se o envelhecimento e a morte são inseparáveis da nossa condição de seres vivos complexos ou se eles são o subproduto de processos que podem ser retardados ou evitados por completo.

Seja como for, um detalhe importante da regressão à juventude operada pela água-viva talvez nos traga ainda mais descobertas surpreendentes. O que os pesquisadores descobriram é que a T. nutricula não depende apenas de células-tronco (aquelas em estado “primitivo” e não-especializado, capazes de dar origem a vários tipos de tecido) para realizar seu truque. Ao manipular cada um dos tipos celulares presentes no bicho, os biólogos notaram que são células especializadas as principais responsáveis por permitir a volta à infância.

Como? Desdiferenciação, oras – palavrinha que indica o retorno a um estudo semelhante ao de células-tronco, como se as suas células da pele de repente passassem a achar que elas ainda são células embrionárias, capazes de “fabricar” também músculos ou neurônios. Por estranho que pareça, as células-tronco da água-viva precisam da ajuda das células mais especializadas com síndrome de Peter Pan.

Embora águas-vivas sejam organismos imensamente diferentes de nós, é importante lembrar que, nesses níveis celulares e moleculares básicos, todos os animais do planeta são surpreendentemente parecidos. Neste exato momento, equipes de pesquisa do mundo inteiro, inclusive no Brasil, estão tentando várias receitas para induzir a desdiferenciação como forma de obter células-tronco geneticamente compatíveis com pessoas que necessitam, por exemplo, de uma reconstrução neuronal em sua medula espinhal, destruída por um acidente de trânsito ou uma bala perdida.

Eu seria capaz de apostar que, para entender os mecanismos básicos de como fazer isso, a T. nutricula seria uma excelente professora. E, no futuro distante, quem sabe que tipo de maravilha o conhecimento obtido com ela seria capaz de operar sobre os efeitos incapacitantes ou incômodos da velhice? É claro que esse tipo de pesquisa teria impactos sociais e éticos gigantescos, mas isso não é motivo para deixar de tentar entender essa criatura tão singular.

Novas descobertas, novas verdades, a vida e o nosso pensamento estão em constante evolução,quem sabe estamos chegando próximos da "imortalidade". 

E tem gente que ainda acha que fomos feitos do dia para a noite.


3 comentários:

Xau disse...

Omininu seu ateu! sempre conspirando em ! auhsuhaua

Glauco disse...

Graças a Deus!!

u.u

LU disse...

ngm quer morrer ¬¬

*Glauco ateu